segunda-feira, 30 de março de 2009

Minha casa dos avós.

Uma água evapora no tempo.Úmido é tudo na casa
E o frio acaba por somar-se a outros fatores.
Meu peito “a caixa do sentimento” como chama meu pai (referindo-se àquele ‘entre costelas’ na linha reta que sobe do umbigo ao início do pescoço)

A água que alagou a varanda já também escorre deixando só a umidade que sobe toma conta da linha que tece a rede. Da rede. Da moça, que compartilha o balanço.
Uma chuva que vem dá madrugada, que soluça e brinca com o vento, arrepiando...
Vem insetos de todas as casas, nos seus caminhos uns cortejam a luz incessantemente, outros somente temem a morte. Tem aqueles verdes e geométricos de cheiro forte aos que se põe no caminho – os percevejos –eu digo.

Vejo que as pobres plantinhas de vaso sentem-se já demasiadamente embebidas pelo descarrego temporal. A nuvem espreme a face, e bate a porta e xinga o vento. Há um costume ignorante de pincelar frases soltas no papel. Uma tendência ao subjetivo, por explicitar a idéia rápido demais talvez. Uma tendência ao chuvisco das idéias, quando não é nem toró nem sol lascado.
Ainda bem que os pássaros tem óleos para que as penas não se encharquem. Ainda bem que eles voam assim mesmo no vento.

- Sai daí percevejo!

Temporal – um raio enormemente claro se pos na minha janela, quase dá medo, não fosse a cama de madeira e o chão de taco. Tem cor de choque o raio. Logo em seguida o som do universo, - ai temporal falante! Começa como cinema... - luzes ação! Faz-se a água entre gritos, se faz à luz. Tanto raio na minha janela, - é verdade e dá medo, - eu digo. É verdade e dá é medo.


(01 de maio de 2007 e 7 de maio de 2008, Recife Pernambuco).