quarta-feira, 15 de outubro de 2014

3 >

te escondes
te mostras
me ostras
me monstros



sei o que

Estrago, engasgo, garota
Gala, Galícia, marota
Culpa escrota

Delícia de xota
Poesia rota
Revolta
Caminho torto

Calo
Mudo
Pé ludo

Jogo de brincar

Detesto esse jogo compromissado com não sei o que

sábado, 16 de agosto de 2014

chave

como fosse uma arca
o menino me abre
tem chave sutil
tem tranca sutil
como fosse um baú
uma caixa marrom
uma cavalo de tróia
como se fosse uma arca
o menino tem chave
uma chave sutil
que dá chuva
nuvem de inseto
e estrela, lá longe
lá reta... no zênite
no eixo, navegante quieta
chave indireta, aberto
boneco de barro
de cera, de elo
boneca de estrela
de elo, de cera

2013

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

errante

burra e tola
me empurra a rôla
tudo o que rola
me emburra

emburrada me enraba
o jumento
e não acaba

transa sem acabamento
parando no andamento
adia adiamento
adiantado

no cabo me acabo
não dá cabo de se acabar
acaba à disseminar
e fica entregue
o jegue

sem cabresto nem cabimento
restrito o sortimento
e dentro tudo à embolar

penso que pensa outra
e o pensamento me tira
de onde devia estar

terça-feira, 29 de julho de 2014

fenix

barco de mudança
desenlaça a dança
calma e respiro
                 [de aceitação da sina
tecendo amor da sina

José nascido, Félix velho
de cento e dez anos
avô da lua

menina sem nome
 com nome deles
eu renascendo interna
respirando as águas

o que me aconselha o espírito


A. Mahin
Recife, julho de 2014

clamor inocente

parceiro, lambe meus seios
deixe de seus arrudeios
me arrudeie as curvas

latejam as vulvas
todas vulvas
na penugem das luvas
das chuvas das noivas

parceiro, aceito
teu direito e território
pau santo no oratório
devoto

devo devorar com ganas
os músculos da semana
conduzidos na pressão

dispensar mente
aguar semente
perdoar serpente
sem condição

parceiro, amarrado rabo
montando com segurança
e sem pressa

tua presa na minha nuca
presa selvagem confusa
tragada entrega
trégua

era vidro

mergulhei a mão na bacia sanitária pra apanhar o brinco de pérola
mas a tarraxa se perdeu no chão
desfez-se o elo do brinco
a orelha lisa canta o buraco livre
a orelha sem o pino de ferro