Entendi, enfim, entendi
silêncio bem grande é ótimo
e agora posso olhar no seu olho
como quem olha um repolho verde
posso olhar verde, velha, criança,
olhar que valha, de poço seco
que agora reagoa, com outras águas
boas, novas, que movem moínhos,
que casam passarinhos
E revoam, como outras águias.
águas trabalhadeiras cheias de energias
e entregues ao movimento natural
eletrizando as pedras, reinteirando o mal
(e inteirado, mal não há)
desembestadas as águas rolam
são agora bestas resolvidas
pelos, matos, cavalgadas, corridas...
pelo corpo foram atendidas, entendidas
e agora se poem conectadas, dadas
melodias vibradas, fluídas
relinchadas, embuídas
bestas, éguas e aladas
As águas resgardadas, embebidas,
foram resolvidas no movimento
dissipadas pelas lidas e fluídas
dissolvidas as nuvens condensadas
os cimentos ciumentos e as cordas
novas águas
das novas vidas, desaguam da semente
onisciente, que há em toda gente
e a divindade se pronuncia sem palavras
terra, raízes, serpentes...
simplesmente, de corpo presente,
mais consciente, mais grato e mais gente
Pois o corpo agora tenta
uma língua que esquenta
depois do silêncio puro
uma línguagem do corpo
de olho maduro.
23 de novembro de 2010, da série meia.