quarta-feira, 29 de junho de 2011

arpões

Entendi, enfim, entendi

silêncio bem grande é ótimo

e agora posso olhar no seu olho

como quem olha um repolho verde

posso olhar verde, velha, criança,

olhar que valha, de poço seco

que agora reagoa, com outras águas

boas, novas, que movem moínhos,

que casam passarinhos

E revoam, como outras águias.

águas trabalhadeiras cheias de energias

e entregues ao movimento natural

eletrizando as pedras, reinteirando o mal

(e inteirado, mal não há)

desembestadas as águas rolam

são agora bestas resolvidas

pelos, matos, cavalgadas, corridas...

pelo corpo foram atendidas, entendidas

e agora se poem conectadas, dadas

melodias vibradas, fluídas

relinchadas, embuídas

bestas, éguas e aladas

As águas resgardadas, embebidas,

foram resolvidas no movimento

dissipadas pelas lidas e fluídas

dissolvidas as nuvens condensadas

os cimentos ciumentos e as cordas

novas águas

das novas vidas, desaguam da semente

onisciente, que há em toda gente

e a divindade se pronuncia sem palavras

terra, raízes, serpentes...

simplesmente, de corpo presente,

mais consciente, mais grato e mais gente

Pois o corpo agora tenta

uma língua que esquenta

depois do silêncio puro

uma línguagem do corpo

de olho maduro.


23 de novembro de 2010, da série meia.