quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

o caminho

Cá nesse corcel de vento
Tem uma estrada embutida
E em cada um passageiro
Uma estrela bem luzida
Que nos guia pela terra
Chegada, volta, e partida

Sendo essa a forma da vida
Traçamos nossa viagem
Querendo encontrar um canto
Que também é só passagem
Mas que guarda alguma graça
Desse campo de linguagem.

O carro tem engrenagem
Tao qual a vida e o trem
A gente está no sistema
É engrenagem também
Quando a gente entende isso
Consegue-se ir além.

É o caminho do bem
Da flor e do paraíso
Paraíso que é interno
E vem em tempo preciso
Não chega quando se quer
Mas quando aquieta o juízo.

E é por isso que eu friso
No mapa da oralidade
Que a pergunta e a resposta,
Moram na mesma cidade
Comem da mesma comida
Vivem da mesma vontade...

Pela sincronicidade
É que de fato se encontram
E aí, na plenitude,
É que as verdades brotam
Feito sementes doridas
Feito folias que saltam.

brincando no roteiro de luciana júlio

Começa o recorte, traçando metas, fazendo cálculos. As gasolinas, as distâncias, as memórias nos fins. A busca da árvore, árvore genealógica trançada no gérmen maior.

E o casal é o rosto disposto, das tintas e das expressões; nos sabiás dos lábios, os pigmentos vermelhos das estradas que rumam acelerando, feito corações de raposas; à rios de tatus, e milharais do saber.

Existe, na desculpa, um pára-choque de corcel a se buscar numa funilaria, antiga, dum gaúcho guarani argentino, Martin.

Paco é transparente, e brilham seus olhos escuros. O pai tinha um sertão que ele busca, morreu e deixou o carro, o corcel azul.

Silvo da caça, Diana tem dentes e unhas de bicho que rasga, sabe os ofícios que é. O ofício amplo das gentes, as dádivas dos vários ângulos. É a raposa mor que ensina o lobinho criança as estradas e a linha do trem.

Eles se identificam com os ciclos das jabuticabeiras, com as idades dos jabutis, e o desprendimento das borboletas, as ligações com as flores.

alaranjados

Ternura, o caminho rubóra,
a poeira, a terra cambiante,
somos essa poeira fina,
brincantes.

Somos esse vento solar,
se dando em chuva,
somos o gosto desse mormaço,
o pé, o passo, o rio debaixo.

Raposa cruzou o tempo e seguimos.

A viola do tatu e a verdade do milho,
a rosa de Guimarães e o estreito de Gibraltar...
o vento se cria, os moinhos despetalando,
os moinhos flores, os moinhos rosa.

Seguimos – há uma direção de ferro,
um metal magmático, um para-raio,
um paralelo, um pára-choque
– seguimos!

Nas pradarias, nas paráfrases, nas por venturas,
lobos, raposas, e fraternos,
solares, enluarados, e santos.


São Paulo,
dezembro de 2009