segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Se dá, dão - vitoriense
domingo, 21 de abril de 2024
desdente
terça-feira, 12 de março de 2024
menina dança
garota material
era perdida
é sobre isso
revoa
virgem
soslaia
saturnina
crucificadas
sexta-feira, 10 de março de 2023
despeito
quarta-feira, 3 de novembro de 2021
cartilha sem título
você que me trança
Que transa o que bem me quer
Que me pinta, me enfeita
Põe olhos em mim, me ajeita...
Podes assim me dizer
Tudo aquilo que vier
Não tenha medo de mim
Não tenha medo, mulher
Não sou feita de açúcar
Entro na chuva com fé
Você pode me dizer
Tudo aquilo que quiser!
Solte o dedo e a palavra
Gaste aquilo que te agrava
Liberta o que é, e não é
Sem apego, solta a trava
Sem retaguarda, é filé!
Uiva, loba, ladra à lua
Sem medo de mim, perua!
Pavoa, diva, divina,
Centelha da grande Deusa...
És potência, sem retesa
Tesão, ternura, menina
Tens a sabida, não nego
A velha também te habita...
Mas considera a Sibita
Transparente, de olho cego
Olha, que há, no indizível
dizer que é forte e sensível
Sabedor dessa demanda
Bora deixar esse ego
Aos ventos não ter apego
Interagir cada banda
Soltar-se nesse espetáculo...
Soltar a tinta de polvo
Pigmentação de corvo
Liberar cada tentáculo
Podes ter raiva, e de mim
Não sou de vidro ou cristal
As janelas são espelhos
Somos mais que bem ou mal
Não tenha medo, mulher!
E me inquira, se quiser
Me chama mesmo, me chame
Que enfim a chama se acende
Quando expressa o que resente
Permite mais que se ame
E quando a gente se aceita
Nem tradição nem receita
Tem nada mais que difame
Podes trazer teu ditame
Tua receita, teu ser
Nem tudo devo comer
O que por cá se rejeita
Varia conforme a fome...
Podes dizer, faz teu nome!
Não tenhas medo não, home!
Sou o fracasso, não valho...
Não quero nada da vida
Corvo, conversa, espantalho
Mal do século, perdida...
Ser extremamente falho
Errante e tola me assumo
Não quero ser supra sumo
Auto algoz, sou indevida...
Só em avessos me espalho
E quando expresso, espantalhos...
É descaminho, é desvida
Não que me queiras saber
Mas me atrevi a dizer
E pelo verso, estilete...
E sim, Tenho uma revolta
Não é querendo dar voltas...
Mas "É verdade o bilhete"
Trago uma criança eterna
Além da lida materna
Que tem sido a minha guia
Ferimentos, crias, cascas,
Fagulhas, frestas e lascas
Ancora, mas alforria...
mais do que isso, é folia
Goma que apenas se masca...
Não quero ser nada, sou
Eu mesma, isso já me basta
Máscaras do dia à dia
Muitas aprendo a usar
cada uma me desevela
Movimenta o barco a vela
Vento que quer navegar
Por isso chego, e versejo
Parece inútil, mas vejo
Que faz sentido versar
"Letrada e oralizada"
Isso não quer dizer nada
Não é o cerne do assunto
O pico da pedra gelo
Não é mesmo a pedra gente
Jóia menina da gente...
Também não sou essa ponta
Sou alicerce e esteio
Sou colo, chão, fonte, seio
Vc não vê nem faz conta...
Você somente me aponta
E enquanto um dedo me mira
Tem outros três na tua conta
sábado, 23 de outubro de 2021
chuva chamamento
Era a chuva
parecia ouvir meu nome nas telhas
Descendo pelo metal das grades
Escorrendo na relva
Sugada pela terra
Tempos alucinados em que me ouvia na chuva
Em que a chuva falava na voz dos demônios
Em que os espíritos me acordavam no meio da noite
Na voz dos parentes, na voz dos mortos
A voz da chuva chia como um miado de areia
Quando nos permitimos a paz molhada
e o entorno não nos fere a alma rasgando o linho
Ainda existe voz na chama
da voz amarela de Oxum
Tamborilando os latões das calhas
entre espelhos de Orixá
Arrasta as folhas,
Abre sulcos
Lava
É mestra em amolecer durezas
penetrar certezas
Esborrar represas
É na voz da chuva
Que a sabedoria goteja
Fresquinha
No tempo morno
E evapora
Na sorte de um vôo
Suga pro centro da Terra
Voa no calor do magma
Na sabedoria da chuva
A planta se enlaça
É cipó
No mini mistério da fruta doce
Do dia quente
Na sabedoria da chuva
Que se faz mormaço
Chama
e amamento
sábado, 20 de fevereiro de 2021
desrima
Quem busca se igualar
sendo, no entanto,
um verso incomum.
Teme ser diversa,
incompleta,
pé quebrada,
sem saida...
Reverso cai na rima
feito o rio corre ao mar.
Mas verso água não é
Algo é, que subverte
Um pouco alga, Alce, ou alface..
Submerso
Sempre verso do avesso
Entranha estranha...
Mas se tem rima
De toda forma
Fica sóbrio
E afim
de ser obra
Resignado
à norma
sábado, 30 de janeiro de 2021
dragoa
sábado, 11 de janeiro de 2020
ave no metrô
pari dois deuses
quarta-feira, 4 de dezembro de 2019
antipoema
segunda-feira, 8 de abril de 2019
Branco Balão
Relógio parado
Maçã distraída
Despedaça aos dentes
Do pecado sem perigo
Tripula o tempo, transita
Potência decola sementes
Terra pouso abrigo
O que medra morre
Ao medrar escorre
Ao correr decorre
O trigo que intriga
E cala a boca rama
Que vaia Roma
Contrario engole amor
E o silêncio devora as transgenias
Ávida nua se desola
Faz a maça de bola
E degola
O branco balão do pensamento
Saudade rima com idade
No inferno astral
Vcs me penetram como lança de caboclo
Me sinto gente ausente
Na liberdade do bloco
Na voz perdida da farra
Na mão no microfone
Na boca no trombone
Na letra do karokê
Penso num sítio grande
Unindo as crias
Gente junta
Ouvindo a palavra tio e tia
Sabendo que família é essa verdade solta
Na natureza ausente
Na distância do time
Jeito que reprime
Coração que mente
Um coro impertinente
Me pede que rime
Reprimo a tristeza
Não é ela que espero
Meu corpo pede os olhos incondicionais da amizade
quarta-feira, 3 de maio de 2017
Página
Medo de te tocar, tocar com caneta no tempo. Planejar e descrever o criativo. Medo daquilo que salta. Sal das letras carregadas de imagens, sentidos, medos. Medo dos desejos; dos medos que são profecias nos versos, na página. Mas não é calar o templo irresoluto, o grito que existe latente. Coisa que não se ignora.
2016, vitória
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Soneto do gesto viajante
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
sei o que
sábado, 16 de agosto de 2014
chave
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
errante
me empurra a rôla
tudo o que rola
me emburra
emburrada me enraba
o jumento
e não acaba
transa sem acabamento
parando no andamento
adia adiamento
adiantado
no cabo me acabo
não dá cabo de se acabar
acaba à disseminar
e fica entregue
o jegue
sem cabresto nem cabimento
restrito o sortimento
e dentro tudo à embolar
penso que pensa outra
e o pensamento me tira
de onde devia estar
terça-feira, 29 de julho de 2014
fenix
desenlaça a dança
calma e respiro
tecendo amor da sina
José nascido, Félix velho
de cento e dez anos
avô da lua
menina sem nome
com nome deles
eu renascendo interna
respirando as águas
o que me aconselha o espírito
clamor inocente
deixe de seus arrudeios
me arrudeie as curvas
latejam as vulvas
todas vulvas
na penugem das luvas
das chuvas das noivas
parceiro, aceito
teu direito e território
pau santo no oratório
devoto
devo devorar com ganas
os músculos da semana
conduzidos na pressão
dispensar mente
aguar semente
perdoar serpente
sem condição
parceiro, amarrado rabo
montando com segurança
e sem pressa
tua presa na minha nuca
presa selvagem confusa
tragada entrega
trégua
era vidro
mas a tarraxa se perdeu no chão
desfez-se o elo do brinco
a orelha lisa canta o buraco livre
a orelha sem o pino de ferro
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
*) entre mar e lua
sou esse farol atravessado
entre a mutante lua
e a marina nua.
água bravia movida.
sou essa luz humana
conduzida, com sentido de porto,
busca, barca, balça, jangada.
alma embalada,
conduzida.
sou esse entre, luz menos que a lua,
mas quando se põe escondida
sou arranjo de luz nascente
à terra obscurecida.
entre as duas, sou esse ponto vago
e fixo. farol claro de encontro
da noite com o chegar.
do barco de embarcar.
na casa da mãe de arreia
graça, canção e sereia;
aquela que vem do mar.
domingo, 11 de agosto de 2013
al eu
no correr da luta.
sábado, 27 de julho de 2013
# divergente diversa
domingo, 16 de junho de 2013
rês suscita
com todo viva da gente
feito ser onipresente
deus humano e renascido
Consciente agradecido
luar reluz de repente
mês de junho referente
do milho melhor nutrido
Que seja semente rara
plantada na terra cara
abundante de amor
Que cresça com tao cuidado
pelo céu abençoado
grato lótus refrator
Que se enxergue essa luz
branca luz de toda cor
Observe o que conduz
e a que mares induz
o cuidado acolhedor
E sempre lembra, menino
do auto amor que se pede
do alto amor que se tem
Nunca te esquece, menino,
que a dor faz parte da graça
e sempre que rompe a casca
força infinita vem.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
cruz
com espada reluzente
vermelhar a terra quente
no caminho da igreja
quero matar o menino
ou qualquer cristão que seja
quero matar o menino
quero morrê-lo de dente
arrancá-lo do presente
enterrá-lo em minha fé
quero matá-lo e axé!
morre menino
morre menino me morre
sangra menino
sangra menino me sangra
gné da selva
20.11.12